O Velho Oeste é um tema que sempre se encaixou muito bem nos jogos de videogame rendendo títulos memoráveis como Red Dead Redemption, Sunset Riders e outras obras que marcaram época representando com fidelidade desde as trocas de tiros frenéticas até narrativas mirabolantes dignas dos melhores filmes de Hollywood. Entretanto, são poucos os estúdios menores que ousaram entregar uma obra no dito estilo, talvez devido aos seus recursos escassos e mão de obra limitada, como é o caso da Wolfeye Studios, o que faz de Weird West um case de sucesso, visto que o game alcança sua meta de entreter os jogadores oferecendo uma aventura no Velho Oeste original e com personalidade própria.
Nesta análise, vamos levar ao conhecimento do jogador o que Weird West contribui no gênero de jogos Western e porquê o primeiro trabalho da Wolfeye Studios não deve ser subestimado ao ponto de merecer uma chance de ser testado por jogadores fãs de um bom jogo de ação com elementos de RPG.
História fragmentada
Com um desenvolvimento em sua narrativa um tanto peculiar e com potencial incrível de estimular o jogador constantemente a avançar na história para presenciar os desdobramentos de cada personagem, Weird West apresenta o game dividido em capítulos, sendo cada um deles responsável por contar uma história – a princípio – independente e no controle de personagens diferentes.
Sem dar muitos spoilers, podemos dizer que o jogador começa o game no controle de Jane Bell, uma ex fora da lei que se aposentou de sua vida “questionável” para aproveitar a vida no campo com sua família, no melhor estilo John Wick. Em dado momento, sua fazenda é invadida e Jane – e o próprio jogador numa cena absurda – presencia o assassinato do seu filho por bandidos, o que resulta em seu retorno aos tempos de mercenária rumo à vingança de sua família.
Logo nessas primeiras cenas, Weird West mostra o seu cartão de visita apresentando momentos um tanto perturbadores que dão conta de deixar evidente que se trata de um game com um clima bem dark, tal como é apresentado o assassinato a sangue frio de uma criança – o filho da Jane – logo no início do game.
Conforme o jogador avança nos capítulos, novos personagens controláveis são introduzidos à narrativa e elementos comuns entre eles e os seus propósitos são inseridos pontualmente, até que todos eles se reúnem com um único propósito rumo ao objetivo final do game.
Jogabilidade e suas consequências
Com câmera isométrica e um visual que, por muitas vezes, lembra uma boa história em quadrinhos, Weird West é um jogo que entrega ao jogador a possibilidade de se tornar uma máquina assassina com dedos leves no gatilho ou um assassino sorrateiro que usa o melhor do cenário para abater seus inimigos silenciosamente até que o seu objetivo seja alcançado.
Armas e equipamentos diversos, como bombas ou armadilhas, podem ser recuperadas dos corpos abatidos para uso em combate ou mesmo para negociar uma grana nos mercados do Velho Oeste ou a troca em itens melhores.
Durante toda a aventura o jogador deve lidar com sua reputação, onde cada uma das suas ações tem uma influência futura na narrativa do game. Roubar um cavalo alheio, ajudar povoados e assassinar bandidos a sangue frio têm suas consequências, podendo facilitar ou dificultar o andamento do game, logo cabe ao jogador decidir que tipo de vida ele pretende levar em Weird West, seja ela de um legítimo mocinho banana que não intimida os inimigos ou mesmo de um anti-herói badass procurado pelas autoridades, mas amado pela comunidade.
Os personagens não evoluem em níveis como em um RPG tradicional, tampouco o jogo oferece um sistema de pontos de experiência. Em Weird West, essa evolução acontece conforme o jogador desbloqueia as vantagens e habilidades de cada personagens encontrando itens especiais escondidos aos longos dos cenários. Quanto ao seu poder de ataque e defesa, basicamente o jogador tem acesso a melhores armamentos e vestimenta conforme enfrenta inimigos mais fortes, fechando um ciclo de evolução e tornando cada personagem mais competitivo conforme se avança na história do game.
Dominar e tirar vantagem dos elementos do cenário são de suma importância para o êxito no combate de Weird West, e nesse aspecto o game tira bom proveito dos elementos do cenário e sua câmera isométrica, entregando uma boa perspectiva para que o jogador tire o melhor do game para investir num gameplay sorrateiro ou mesmo tirar um melhor ângulo de visão usando a geometria do cenário. Entretanto, nos ambientes fechados a câmera se complica bastante, fazendo com que o jogador perca seu personagem em meio as paredes das edificações, resultando em mortes injustas e frustrantes.
Vale a pena?
Por se tratar do primeiro trabalho da Wolfeye Studios podemos dizer que Weird West é um jogo que surpreende bastante. Começando por sua apresentação, não é justo dizer que se trata de um game com gráficos primorosos, entretanto é inegável que a sua arte peculiar inspirada em história em quadrinhos parece se encaixar com perfeição no tema de Velho Oeste. Todo esse clima é potencializado por uma trilha sonora competente, que aparece nos momentos chave e intensifica o clima dark narrado pelo game.
Os controles são simples e funcionais, assim como toda a mecânica de combate e de evolução de personagem, o que resulta em uma curva de aprendizagem baixa e menos frustrante. É bem verdade que tudo se torna um tanto confuso em ambientes fechados graças aos problemas da câmera isométrica, entretanto a maior parte do game se desenrola em ambientes abertos, tornando quase esquecível esse problema.
As tomadas de decisão, suas consequências e o fato do jogo permitir abordagens de gameplay diferentes que se adaptam com o estilo do jogador dão um ar de “jogo grande” em Weird West, assim como o seu tema maduro.
Portanto, é honesto dizer que Weird West faz o simples, mas faz bem feito e com personalidade. Logo, é inevitável concluir que o bom trabalho da Wolfeye Studios tem um enorme potencial para agradar jogadores que buscam um bom jogo de aventura na inesquecível era do Velho Oeste.